quinta-feira, outubro 12, 2006

Qual é o problema?

De volta ... para escrever um pouco sobre as mudanças de hábitos sociais.

Podem chamar-me antiquado, mas por vezes sinto que a nave espacial de onde eu cai nunca mais irá voltar.

"Ainda me lembro do tempo em que com 14 anos ficava sentado no meu sofá a ver séries televisivas para jovens, tão interessantes como Tom Sowyer ou Verão Azul, quando me sentava no banco do jardim a ler os livros das Aventuras, ou quando saia de casa e tocava à campainha de todos os meus amigos para virem para a rua jogar às escondidas, apanhada, cartas ou apenas para uma daquelas fantásticas futeboladas de final de tarde.

Ainda me lembro de como as mães detestavam que se lhes tocasse à porta, e faziam sempre aquela cara de frete quando eu pedia para chamar os filhos. Ficávamos horas na rua a jogar ou a conversar sobre patetices como o jogo que o Benfica levou 7 em Alvalade, muitas vezes andávamos à tareia por coisas parvas mas passado um pouco já estávamos na mesma equipa para derrotar os outros.

Hoje as coisas são diferentes, as mães estão muito mais contentes, os miúdos não saem estão no quarto no computador, que bom estão perto e sem perigo, mas o pior é que eles hoje com a Internet vão mais longe do que alguma vez eu fui com 14 anos.

Hoje com 14 anos saem à noite e já gostam de beber um pouquinho de álcool, tão pouco que é suficiente para os levar ao coma, hoje dizem que não se divertem se não beberem, hoje estão noites inteiras na rua e os Pais não estão nem ai ... querem é paz em casa.

Hoje já não tocam às campainhas, dão toques para os telemóveis, já não saem para conversar tem essa treta do MSN, já não escrevem português, escrevem algo que se assemelha à linguagem de um "nem sei o quê", com tanto X e K que acaba por parecer uma língua estrangeira.

Os mais velhos não vão à discoteca X ou Y, pela musica que gostam, mas pelo ambiente de engate e as miúdas que lá estão. Esses espaços onde o consumo de todo o tipo de drogas é tão banal que até nos faz pensar que deve ser normal. Estamos num tempo onde o consumo de canabis ou cocaína está tão banalizado que 16 de 50 deputados italianos acusam o uso dessas substancias.

Estarei a ficar velho, será que não consigo acompanhar a evolução ... tenho medo de ter filhos, tenho medo de os obrigar a estar neste mundo que nem eu próprio já o entendo ... pode ser que eles se adoptem melhor.

Todos nós iremos ser pais um dia, nem que seja por adopção, pensem um pouco nestas coisas, que são tão banais.

Será normal uma criança ter telemóvel quando se sabe os malefícios para o seu cérebro, será normal um jovem estar a viver as coisas demasiado rápido, onde está a adolescência ... a descoberta das coisas aos poucos ... o sexo é tão banal em jovens de 14, 15 anos que sei de histórias onde os próprios pais deixam de propósito os miúdos em casa sozinhos.

Já não sei viver neste planeta, será que estou a acordar tarde para o mundo dos adultos onde cada vez mais as crianças e jovens querem estar, por vezes penso que quando era pequeno tinha uma ideia errada do mundo adulto, hoje parece que o mundo não mudou, são apenas crianças mais crescidas, onde os streses por vezes me parecem os mesmos."

Não vos chateio mais ... mas digam o que pensam sobre esta matéria.

8 Comments:

Blogger tulipa_negra said...

concordo perfeitamente contigo e assino por baixo...
mete-me muito impressão ver os miúdos de hoje agarrados ao telemóvel, às playstations, a perderem os melhores anos das suas vidas... com estupidezes e futilidades. por isso é que, muitas vezes, quando abrem a boca... só dizem asneirada!
beijocas

quinta-feira, outubro 12, 2006 12:36:00 da tarde  
Blogger Ana said...

Não sei o que diga, mas em parte a culpa é dos pais, não os limitam como deveriam (tenho 22 anos e só comecei a sair com maior frequencia aos 18/19 anos e ainda hoje ouço ao sair de casa "Não te esqueças das horas!!") e os filhos percebendo o que acontece vão puxando cada vez mais a corda, para terem mais liberdade acabando por se prejudicarem a eles próprios de forma quase inconsciente!!!

quinta-feira, outubro 12, 2006 4:09:00 da tarde  
Blogger SFeneacoach said...

Concordo contigo em quase tudo, mas os tempos mudam e havemos de conseguir adaptar-nos a eles! Gostei, especialmente, da referência aos 7-1: lembro-me dessa tarde como se fosse hoje! ;)

Saudades da minha terrinha...

bjs

quinta-feira, outubro 12, 2006 4:11:00 da tarde  
Blogger amigona avó e a neta princesa said...

Estou contigo nos teus receios mas acredito que é possível te-se esperança... podemos ser (ou tentar ser)a diferença,neste mundo em que, muitas vezes,a pessoa conta muito pouco...mas se cada um de nós lutar pela afirmação de valores como a amizade,solidariedade, integridade, educação e outros alguns dos problemas que colocas não irão acontecer... beijo...

sexta-feira, outubro 13, 2006 1:47:00 da manhã  
Blogger colher de chá said...

às vezes penso q a nossa geração perdeu o que de melhor tinha a dos nossos pais, que era, o SONHO. unamos pois esforços para que isso não esmoreça nunca. unidos, temos todos mais força.

sexta-feira, outubro 13, 2006 12:00:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Antes de mais, não acho esta tua opinião nada antiquada, acho-a perfeitamente razoável. Tens toda a razão naquilo que dizes. Trabalho com crianças e adolescentes e vejo de perto os problemas que referes. Tudo se tornou por adquirido, o convívio, a brincadeira ficaram completamente postos de lado. Para nós, para a nossa geração, aquilo que fez da nossa infância e adolescência um período de felicidade e brincadeira, deixou de o ser para as crianças de hoje. E, por consequência, tornaram-se muito mais apáticas, materialistas e muito menos sociáveis. Valores como a bondade, a partilha e o altruísmo com os quais aprendemos a viver, são substituídos pelos últimos modelos de telemóveis e de Playstations. Mas a maior culpa de tudo isto é dos pais, disso não há qulaquer dúvida.

Bem, poderia estar aqui horas a falar disto, mas ainda podes adormecer entretanto...

Por agora digo-te que, de repente, ao ler as tuas palavras, fui transportada no tempo :)

Bjins*
Boa semana!

domingo, outubro 15, 2006 4:08:00 da tarde  
Blogger Å®t Øf £övë said...

"Ouvi-te" com toda a atenção, e já que pedes irei dar-te a minha sincera opinião.
Gostei muito do teu texto... muito mesmo. Deu-me saudades de algumas coisas. Ainda me lembro de ficar a fazer tempo para poder ver os desenhos animados na tv2 porque a emissão só começava bem tarde... e o Vasco Granja.. esse avôzinho delicioso que tanto admirava a animação da Europa de Leste e que proferia discursos incompreensíveis... mas que ficou no nosso coração para sempre. Esta geração de pais é uma geração muito ansiosa. Querem dar tudo, preencher tudo, garantir que os filhos serão os melhores.. porque têm noção da competição desmesurada que entretanto se instalou.
Mas acho que acima de tudo há que ter esperança em todas as gerações... sempre. As solicitações deles agora são outras - não viverão o mesmo que nós, viverão outras coisas. E em todas as fornadas (seja a dos avós, pais , filhos) haverá sempre exemplares maravilhosos de vida. Eu tenho conhecido muitos entre aqueles que são agora adolescentes.
Abraço.

quarta-feira, novembro 15, 2006 12:06:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Eu acho que este texto, é somente um desabafo, com opiniões sem fundamento. Quando referes o facto de haver agora outros valores diferentes de antigamente, quando referes haver outras maneiras de divertimento, isso é totalemente normal. A sociedade acompanhou a evolução das novas tecnologias e portanto, teve que se adaptar a elas, se lhes dão a hipotese de escolher entre ter telemovel ou não ter sera obvio que na maior parte dos casos irão aceitar. Mas claro que isso evidencia que o problema sera dos pais, mas pergunto eu que podem eles fazer? Deixar o filho preso aos seus ideais, num mundo que já os abandonou? Isso levaria o jovem com certeza á exclusão social, e futuramente a problemas de foro psicologico. Portanto os pais devem de ceder um pouco de liberdade aos filhos, tentando sempre sensibilizar os filhos do que está certo e do que esta errado. Poucos Homens há que tivessem evoluido sem terem aprendido com os seus erros. Para finalizar, acho que os jovens de hoje, divertem-se e socializam de maneira diferente do que antigamente, mas quem somos nós para julgar que é que se divertia melhor?

sexta-feira, dezembro 15, 2006 11:16:00 da tarde  

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